quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Luiz

Vô,
Queria te falar que te vi ontem na rua.
Eu te vi nos cabelos cheios daquele cara. O corte de cabelo antigo. OOOOoookkkk, teu cabelo não era liso, mas ainda sim, era meio você.
Também te vi nos ombros largos de quem trabalhava bem, ombros de homem que tem família.
Te vi naquelas calças de linho antigas, de bolsos fundos onde tu guardava teus rolos de dinheiro e o brinco de ouro que tu comprava pra minha mãe.
Vô, eu queria te amar como eu te amo. Te conhecer melhor como te conheço. Te abraçar como nunca pude. Porque teu coração parou quando tu dormia, ela tinha 16 e eu ainda pelejava uma vaguinha aqui nesse mundo de Cão.
Queria te dizer que a mãe sente tua falta, ficou um pouco perdida quando te perdeu, difícil ser maduro quando o adulto da casa morreu.
E Vô, tu ia gostar de mim.
Ia gostar porque uso coturno.
Ia gostar porque eu choro por ti sempre.
Porque te baseio na minha morte, perco o medo da minha perda quando lembro da tua.
Vô, eu queria ter sido protegida por ti. Sou meio órfã de pai, meio rejeitada por uma parte da família e agora, mulher e sozinha vou levando a minha vida forte e superada. Tipo aquelas guerreiras medievais que carrega uma Bastarda usando botas. (As botas eu tenho já hehe)
Vô, queria ter te salvado, ter te avisado. Tu chamou teu irmão na hora em que morreu. Ouviram tua voz na janela e depois vieram com a notícia. Sabia que eles estão apavorados até hoje? hahahah
Ok... escrevo num face pro meu avô que já partiu.
Coisa de louco, não é?
Mas fique ciente que já te tinha escrito no meu coração, Vô!
E queria realmente ter te conhecido. Você e uma loura nua numa moto. (Teu sonho, velhão).
Mas tu, vôzinho, mora nas minhas lágrimas.
A gente sente a tua falta.
San

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