segunda-feira, 24 de março de 2014

Um Mundo

Um Mundo


Um lugar quase destruído.
Meia-calça preta rasgada
Coturno fofinho, casaco de lobo.
Dinheiro contado, restaurantes caros
Que eu nunca vou frequentar
Como seu coração
Tudo fluindo.
Você gostou do meu esmalte descascado
Azul petróleo que você achou que era preto.
Gostou do meu olho borrado, do meu batom vermelho-vinho.
Gostou da minha gargalhada, mas nunca me viu séria.
Eu gosto do azul fundo do céu no escuro.
Gosto das estrelas silenciosas e do rugido da madrugada.
Gosto da sombra que sempre me alcança,
Da música escutada dos carros, gosto das caminhadas
E ás vezes eu gosto do abandono.
Ás vezes gosto da rejeição.
Ás vezes gosto de não me caber, não me servir, de eu nunca alcançar.
Desafios não concluídos que me levarão para baixo.
O que menos importa.
Eu sempre estou por cima.
Mesmo não sentindo, não percebendo, não parecendo.
Mesmo não acontecendo.
Está aí. Gravado no mundo.
No sangue dos acontecimentos.
No auge do amanhecer.
Na glória e sintonia do anoitecer.
Eu não sou perfeita, eu nem sequer chego aos pés das mulheres do topo da árvore.
Mas eu tenho em mim o sorriso mais bonito do mundo.
Aquele escondido, só pra mim.

Sabe?

Mais Um Trago...

A vida é amar ou amar é viver.
Reclamam do meu cigarro, mas ninguém faz o papel de um trago.
Minha memória anda boa.
Está chovendo após um longo dia de sol.
E tem um cachorro no pé tentando enfiar as pequenas presas no meu calo aberto.
Tem duas carteiras vazias jogadas aqui e meu isqueiro amarelo.
Também uma bicicleta para substituir o cigarro, mas como pode ver, consegui fazer os dois ficarem amigos.
Também há aqui uma vaga tristeza.
Eu vivo nessa vaga tristeza tem muitos anos. É uma espécie de... nostalgia com melancolia de um futuro que não veio, de um querer que não quis. De uma forma desdenhosa de me dizer de novo o não.
Eu tenho saudade dele que vai substituir o antigo. Saudade daquele cara que ainda vou conhecer e vai enfeitar meus dias com alguns por quês.
Saudades a gente sente de quem foi embora, não é?
Mas sabe... é que ás vezes nem quero que venha, ás vezes quero ficar nesse mormaço vivenciando coisas que não vivi do cara antigo. Porque amigos.., eles vão, amores ficam. E estratégia de trabalho, estudos e evolução intelectual e progresso profissional são apenas um enfeite para atrairmos o amor.
Porque a gente não vive sem amor. Da mesma forma que não vivemos sem cerveja e que não vivemos bebendo cerveja (para os que não bebem).
Tem muito vício nesse texto, não tem?
Teeem sim, sabe por que?
Porque vício mesmo a gente não tem, a gente toma, a gente engole, a gente traga, a gente é insone, mas a gente não ama.
A gente não se deixa amar.

A gente não ama...   (26-01-2014 de noitinha- porque a noite descarta frieza)